Jornalistas e estudantes têm até 20 de outubro para inscrever suas reportagens no 1º Prêmio Livre.jor de Jornalismo-Mosca, promovido por uma agência de notícias com sede em Curitiba. Criada há cinco anos, a Livre.jor é especializada em produzir notícias a partir de dados públicos “de qualquer natureza”, como gostam de dizer os jornalistas Alexsandro Ribeiro, João Frey, José Lázaro Jr. e Rafael Moro Martins, parceiros na iniciativa.

Com apenas duas categorias – profissionais e estudantes -, a primeira edição do prêmio não oferece recompensa em dinheiro, apenas o reconhecimento pelo Livre.jor, que o vencedor é um praticante do “jornalismo-mosca”. “Parece difícil de definir, e meio zombeteiro, mas é bem simples: toda notícia que parta de dados públicos, documentados, e gere conteúdo relevante, no sentido de transbordar interesse público e irritar pessoas em posição de poder, é jornalismo-mosca”, explica Alexsandro Ribeiro.

“Em geral, os alvos preferenciais do jornalismo-mosca são gestores públicos ou políticos, mas não se restringe a eles. Pode ser uma ideia ou um projeto com contradições evidentes. Pode ser uma questão social invisibilizada, que precise ser posta em evidência para que haja uma tomada de ação em relação a ela”, completa João Frey – licenciado da produção do Livre.jor, agora correspondente da Gazeta do Povo em Brasília.

O formulário online para a inscrição estará disponível a partir de 28 de setembro, Dia Internacional do Acesso Universal à Informação, e ficará aberta até 20 de outubro. Nos três dias seguintes serão selecionados os cinco finalistas de cada categoria, com os vencedores sendo divulgados pelas redes sociais da agência Livre.jor no dia 25 de outubro – em alusão ao assassinato do jornalista Vladimir Herzog pela ditadura militar brasileira, nesta data, em 1975.

“Ficou meio corrido, porque decidimos em cima da hora. Mas pareceu uma boa ideia – e se tem uma coisa que a gente não desperdiça no Livre.jor são boas ideias”, confessou Rafael Martins, que também trocou Curitiba pelo Distrito Federal, onde hoje é editor sênior do The Intercept Brasil. “Ele e o João são o melhor conselho editorial que a gente poderia ter”, brinca José Lázaro Jr., sobre metade da equipe estar momentaneamente licenciada da agência. “A gente se fala, discute e manda memes. E, acima de tudo, somos fiéis ao jornalismo-mosca”.

Sobre o regulamento falar de compor uma rede de “acolhimento” e “proteção”, os jornalistas do Livre.jor dizem que este é um objetivo secundário do “Prêmio Mosca”. “A gente precisa conhecer os jornalistas cujo trabalho incomodativo é feito em bases sólidas, profundamente vinculado ao interesse público. Assim como é importante esboçar um antídoto contra esse discurso perverso a respeito da imprensa. As fake news serão um problema menor se a imprensa preservar sua credibilidade”, conclui Lázaro.

“E se não tem dinheiro de prêmio, vamos certificar os vencedores e dar um troféu, em forma de mosca, para os vencedores das duas categorias”, acrescenta Ribeiro. É dele a concepção visual da marca da agência de notícias. Nestes cinco anos, Livre.jor publicou no UOL, na Agência Pública, no The Intercept Brasil, na Gazeta do Povo, no Plural e em outros veículos da imprensa nacional e regional.

Em 2017, Livre.jor foi um dos vencedores do edital de jornalismo investigativo do Fundo Brasil de Direitos Humanos – que resultou no projeto Latentes, que mapeou os riscos de conflitos socioambientais associados à mineração no país. O Observatório Na Conta do Deputado, que fiscaliza gastos dos políticos da Assembleia Legislativa do Paraná, ganhou na categoria Inovação do prêmio realizado pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná.

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