Em busca da oficina de jornalismo de dados perfeita – e ainda não decifrada – tivemos o privilégio de trabalhar, em abril deste ano, com estudantes da Unibrasil. Durante quatro encontros com os alunos do jornalista Gabriel Bozza, discutimos como usar bancos de dados públicos para descobrir algo sobre os bairros de Curitiba. O objetivo era publicar o trabalho das equipes, divididas conforme as regionais administrativas do município, no jornal online “Capital da Notícia”. Dos 15 dias de labuta, surgiram 12 reportagens.

Para alguns daqueles estudantes, esse trabalho significou o primeiro contato com esse tipo de informação. Com planilhas, fórmulas, esquematizações e diagramas. Então, quando vocês forem ler o material, tenham em mente que se tratou de um exercício. Opinamos sobre a forma final, mas optamos por não editar diretamente – apenas conversando sobre pontos fortes e fracos das matérias. Jornalista precisa aprender a lidar com as críticas. Buscar a verdade não faz ninguém dono dela, né, não?

De lambuja, também registramos a opinião do professor a respeito do trabalho. O curso de jornalismo da Unibrasil sempre demonstrou interesse na proposta realizada pelo Livre.jor e, além de responsável pelos estudantes, o Gabriel [Bozza] é um amigo nosso e do projeto. Achamos que ele não nos pouparia dos comentários destrutivos, mas mesmo assim tivemos que editar uns elogios. No fim desse registro, há a lista de reportagens com os respectivos links. Ou visite já jornalcapitaldanoticia.wordpress.com

LJOR – Qual a reação dos alunos diante da proposta de fazer jornalismo de dados?
Gabriel Bozza – No início do semestre letivo, na disciplina Laboratório de Novas Mídias, apresentei a ideia aos alunos que ficaram empolgados em realizar reportagens com jornalismo de dados. O contato com o Livre.jor, sem dúvida, garantiu a confiabilidade de que era possível os alunos exercitarem e aprofundarem as reportagens produzidas na redação presencial/virtual. O contato com uma planilha de Excel gerou ansiedade, mas quando viram que conseguiam extrair informações, analisando criticamente e entrevistando fontes que poderiam ajudar a entender os assuntos, sentiram que poderiam propor conteúdos interessantes para os nossos leitores do Capital da Notícia, o site laboratorial do curso de Jornalismo do UniBrasil Centro Universitário.

LJOR – Eles apresentaram dificuldades? De que tipo?
Gabriel Bozza – A dificuldade para os alunos é, a partir dos dados extraídos, fugir do convencional: criar uma notícia apenas com base nos dados da Central 156, por exemplo. O objetivo era ir além, cruzar dados, verificar o que cada regional trabalhada, entre as analisadas, proporcionava de diferencial e de destaque enquanto fato jornalístico capaz de render uma reportagem aprofundada. O contato com as fontes oficiais, apesar de [as assessorias] terem se demonstrado solícitas, acabou sendo um empecilho. O mesmo com a disponibilização de alguns dados públicos [cujo formato] ocasionou o atraso de algumas reportagens. A experiência foi válida para os alunos observarem as dificuldades enfrentadas no dia a dia na produção de reportagens aprofundadas.

LJOR – Na hora de conciliar os números com fontes de “carne e osso”, acha que os resultados foram satisfatórios?
Gabriel Bozza – Eu senti a dificuldade de algumas equipes em cruzar os dados obtidos com as respostas e os dados de fontes oficiais. As perguntas foram formuladas, as respostas das instituições competentes recebidas, mas os cruzamentos destas informações poderiam ter rendido matérias mais trabalhadas. É o desafio profissional de observarem o que é capaz de ser noticiado ou não.

LJOR – Qual conselho você daria para o Livre.jor nas próximas atividades desse tipo?
Gabriel Bozza – A experiência é rica, pelo envolvimento e pela possibilidade de ter o acompanhamento do Livre.jor durante duas semanas seguidas em cima do trabalhos destes alunos de terceiro ano. Pude observar a maturação de algumas equipes, atenção despendida e a equipe dos “livreanos” conseguiu desenvolver o senso crítico nos alunos. Estas atividades foram ótimas para os alunos saírem da produção de matérias convencionais e clichês dentro de veículos laboratoriais universitários. Acho que esta atividade pode ser otimizada nas próximas possibilidades com o desenvolvimento de trabalhos mais volumosos em regionais, claro, despendendo maior envolvimento da turma num projeto único.

LJOR – Então você repetiria a experiência?
Gabriel Bozza – Sem dúvida.[ELOGIO OMITIDO] A proximidade com o mercado de trabalho e profissionais inovadores em suas atividades no campo do jornalismo é sempre fomentada em minhas disciplinas. Não é admissível mais o tempo em que mercado e academia não dialogavam. Estas parcerias são benéficas para desenvolvermos profissionais mais críticos e propiciar a visibilidade do mercado nos alunos que se destacam nas etapas de produção e distribuição destas informações.

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