Lidando com uma escalada de infectados, com 3,6 mil casos e 60 mortes, os EUA já recomendam que eventos com mais de 50 pessoas sejam adiados. A Itália, com 24 mil casos e 1,8 mil mortos em decorrência do novo coronavírus, o Covid-19, só permite a circulação dos cidadãos entre cidades por motivos justificados de trabalho ou saúde. No Brasil, o Ministério da Saúde pediu que todos aqui evitem aglomerações, para reduzir o contágio [link aqui], mas a recomendação feita no dia 13 de março não impediu pelo menos 16 dos 30 deputados federais do Paraná de manterem sua agenda política. Destes, 5 em aglomerações.

Inconsequente, o deputado federal Filipe Barros (PSL) participou das manifestações anti-Congresso no domingo, dia 15 de março, divulgando vídeo nas rede sociais em que grita palavras de ordem num carro de som que circulou por Londrina. Auto-declarado “o federal de Bolsonaro”,  Filipe fez o mesmo que o atual presidente da República, que também ignorou o Ministério da Saúde e interagiu com manifestantes em Brasília. A repercussão na imprensa foi negativa, pelo mau exemplo que Jair Bolsonaro deu justamente quando a guerra é contra a desinformação que mata. No mundo, o Covid-19 já fulminou 6.513 vidas e segue fazendo vítimas.

Mas Barros não está sozinho na bancada federal, pois outros quatro deputados estiveram em eventos com dezenas de pessoas no fim de semana. Também em Londrina, Boca Aberta (Pros) postou fotos na Feira do Cincão, distribuindo abraços e apertos de mão antes de ir num shopping. Na mesma cidade, Diego Garcia, do Pode, esteve num ginásio lotado participando de um evento religioso. Ali do lado, em Maringá, numa atividade menor, Ênio Verri (PT) reuniu dezenas de correligionários para prestar contas do mandato de deputado federal. Em Ponta Grossa, Aliel Machado (PSB) bateu ponto em uma formatura da UTFPR, da qual era patrono das turmas.

“Com base na evolução dos casos no Brasil, até o momento, estima-se que, sem a adoção das medidas propostas pela pasta para prevenção, o número de casos da doença dobre a cada três dias“, alerta o Ministério da Saúde. A lição, contudo, tem o desafio de entrar na cabeça dos políticos. Se os cinco acima estiveram em aglomerações, outros 11 mantiveram suas agendas políticas de sair para o corpo a corpo com eleitores. Evandro Roman (Patriotas), Gustavo Fruet (PDT), Luciano Ducci (PSB), Luisa Canziani (PTB), Pedro Lupion (DEM), Rubens Bueno (PPS), Schiavinato (PP), Stephanes Júnior (PSD) e Christiane Yared (PL) também divulgaram fotos de reuniões, caminhadas pela praia, cavalgada pelo interior e outras atividades político-partidárias.

No Partido dos Trabalhadores, apesar de Zeca Dirceu ter compartilhado foto cumprimentando Benedita da Silva (PT-RJ) com o cotovelo, uma sugestão da etiqueta da gripe para evitar que as pessoas se deem as mãos, em outras postagens ele aparece sentado ao lado dos petistas em atividade do diretório nacional com Gleisi Hoffmann e outros parlamentares. Sem o devido cuidado, pela capilaridade da atuação política, os deputados federais podem se tornar vetores do novo coronavírus – além da responsabilidade que o cargo pressupõe, colocando-os como referência para parte da população.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Na bancada do Paraná, Toninho Wandscheer (Pros) está em isolamento, com sintomas de forte gripe, até o resultado do teste que fez para o Covid-19. No seu facebook, ele disse que aguarda a resposta nesta segunda-feira (16). Como a interação entre os membros da bancada existe, com reuniões periódicas, uma contaminação deveria soar como alerta para os demais deputados. Com responsabilidade, o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM), já disse que só convocará sessões se for para votar medidas emergenciais relacionadas ao coronavírus, em regime especial, pois sabe do risco de reunir centenas de deputados no plenário ao mesmo tempo.

Para esta publicação, foram consultadas páginas e perfis dos 30 deputados federais nas redes sociais Facebook e Instagram, localizando posts do dia 13 em diante, data do pedido do Ministério da Saúde para que fossem evitadas as aglomerações. Os prints foram feitos na manhã de hoje. Com o Covid-19, os mais idosos estão expostos a uma ameaça real e a vida deles depende de o sistema de saúde não estar sobrecarregado. As medidas de isolamento social são para retardar o contágio, dando mais chances dos doentes serem adequadamente tratados se o quadro clínico ficar grave. No Paraná foram confirmados 6 casos, agora em isolamento domiciliar. No domingo (15), eram 80 suspeitos. O estado ainda não enfrenta o mesmo que São Paulo e Rio de Janeiro, nos quais já há transmissão comunitária do vírus.

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