De 2014 para cá os pedidos de refúgio de venezuelanos que buscam o Brasil para morar têm crescido exponencialmente. De janeiro a maio deste ano, foram 15.591 novas solicitações. Se os protocolos seguirem nesse ritmo, serão 36 mil até o final do ano. A marca representaria o dobro do ano anterior, quando, nos doze meses de 2017, o Conare (Comitê Nacional de Refugiados) contabilizou 17.865 pedidos de refúgio.

Se em 2017 a média era de 1.488 pedidos de refúgio por mês, nesse ano ela já pulou para 3.118. Não é à toa que as reportagens sobre o drama humanitário vivido pelos municípios que recebem esses refugiados esteja em vários jornais do Brasil. Em 2016, apenas 3.375 pedidos de refúgio de venezuelanos foram registrados. Em 2015, foram 822 solicitações e, no ano anterior, 2014, quando começaram as notícias sobre a piora da situação política na Venezuela, com desabastecimento do comércio, o Conare registrou apenas 201 pedidos de refúgio.

Em quatro anos, de 2014 a 2017, os pedidos de refúgio de venezuelanos passaram de 201 para 17.865. Ou seja, aumentaram 88 vezes. A população do país vizinho foi responsável por 33% dos pedidos de refúgio recebidos pelo Brasil no ano, à frente dos haitianos (14%), senegaleses (13%), sírios (7%), angolanos (7%) e cubanos (6%). Na fronteira com a Venezuela, o estado de Roraima é a unidade da federação que mais registrou pedidos de refúgio em 2017 (47% do total, contabilizando todas as nacionalidades).

Estrangeiros residentes
Se o número de pedidos de refúgio é surpreendentemente alto, a quantidade de pessoas que completam o processo é bastante baixa. Em 2017, considerando todas as nacionalidades que buscaram refúgio no Brasil, foram 33.866 requisições. No mesmo ano, só 1.098 delas foram reconhecidas pelo Brasil como refugiados. Livre.jor perguntou, via LAI, o motivo da demora e das eventuais negativas às solicitações.

Até porque é preciso entender o motivo de, no final de 2017, a Polícia Federal registrar, dos 1,036 milhão de estrangeiros residindo no Brasil, apenas 5 mil venezuelanos com RNE expedida. Na relação, disponível online, aparecem outras dezenas de nacionalidades. Por exemplo, no topo da lista, estão portugueses (221 mil), haitianos (86 mil), bolivianos (79 mil ), japoneses (73 mil ), italianos (64 mil ), espanhóis (52 mil ), argentinos (50 mil ), chineses (49 mil ), norte americanos (31 mil ) e uruguaios (28 mil ).

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