Passados quatro meses do lançamento do Projeto Latentes, uma base de dados georreferenciada sobre potenciais conflitos socioambientais no Brasil, as estatísticas de acesso à plataforma online indicam haver 50 pesquisadores recorrentes estudando as informações. Eles fazem consultas semanalmente à base de dados. Ao todo, foram 1 mil visitantes até agora, com acessos identificados do Brasil (83%), Estados Unidos (7%), Canadá (2%) e Reino Unido (1%). A base de dados foi lançada no dia 10 de dezembro, com reportagem no UOL Notícias, sobre os 4.536 conflitos socioambientais latentes mapeados.

Os conflitos latentes são caracterizados, segundo os critérios do estudo, pela existência de terras indígenas, comunidades remanescentes de quilombolas, assentamentos e unidades de conservação a 10 km ou menos de pontos de mineração legalizada. Ou seja, locais em que indígenas, quilombolas, trabalhadores rurais e áreas verdes protegidas são vizinhos do extrativismo.

São 245 áreas indígenas (40% do total desses territórios), 183 comunidades remanescentes de quilombolas (46%), 1.079 unidades de conservação (61%) e 3.029 assentamentos (43%) classificados como locais de possível conflito socioambiental pelo Projeto Latentes. O mapeamento inédito das áreas de risco de conflito partiu de dados coletados na ANM (Agência Nacional de Mineração) que apontam existência de 30.554 empreendimentos extrativistas legalizados no Brasil.

Pouco mais da metade dos visitantes do Projeto Latentes acessa a plataforma diretamente, sem a mediação das rede sociais ou dos mecanismos de buscas, que somadas signficam aproximadamente 25% do tráfego. Outros 25% são provenientes de links para o site em reportagens que utilizam os números da base de dados para tratar da realidade nacional e local.

Além da publicada pelo UOL, parte significativa deste tráfego veio do portal Mining.com, que noticia informações sobre mineração em inglês. Lá, eles usam uma versão traduzida do mapa do Projeto Latentes para explicar as dimensões dos conlitos. Foram duas reportagens, em janeiro e março deste ano, utilizando os dados para dimensionar a tensão entre mineradores e povos originários (aqui e aqui).

Todos acessos à plataforma Latentes geraram um clique interno, no qual o visitante buscou o mapa georrefenciado – que é o objetivo primário da iniciativa, viabilizada graças ao apoio do Fundo Brasil de Direitos Humanos (FBDH). O FBDH é uma fundação independente, sem fins lucrativos. É um elo entre doadores e organizações locais, que oferece apoio financeiro e técnico para viabilizar projetos de defesa e promoção de direitos humanos. O edital do qual Livre.jor faz parte é realizado por meio de uma parceria do Fundo Brasil com a Fundação Ford, a Fundação Open Society e a Clua (Climate and Land Use Alliance).

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