No ano de 2013, 965 paranaenses faleceram por complicações oriundas do câncer de próstata – o segundo tipo mais comum entre os homens brasileiros, atrás somente do câncer de pele não-melanoma, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). O número é 15% superior aos 842 óbitos relacionados ao câncer de mama no Paraná no mesmo período. É por isso que, depois da campanha de conscientização Outubro Rosa, cujo objetivo é aumentar o número de mulheres que fazem exames preventivos, este mês é dedicado aos homens: o Novembro Azul – além da fitinha colorida, a campanha utiliza como símbolo o “bigode azul”, que neste mês poderá ser visto em diversos prédios públicos.
O assunto foi o tema desta sexta-feira da coluna Dados Oficiais, do Livre.jor, na rádio Bandnews Curitiba FM 96,3.
Em geral, no Brasil, o câncer de mama é responsável por mais mortes que o de próstata. Foi assim em 2013, com 14.388 óbitos de mulheres ante 13.772 de homens. Se olharmos toda a série histórica disponibilizada pelo banco de dados do Ministério da Saúde, que vai de 1996 a 2013, são 187 mil óbitos em decorrência da neoplasia maligna de mama – e 179 mil ocasionados pela próstata. Os dados de 2014 ainda não estão disponíveis, mas o Inca estima que 68 mil homens receberam o diagnóstico da doença dos seus médicos no ano passado.
A maior parte dos casos de câncer de próstata, 75% deles, é descoberta em homens com mais de 65 anos de idade. O Inca reconhece que em algumas pessoas a neoplasia pode evoluir rápido, mas na maior parte do tempo o tumor pode demorar até 15 anos para atingir 1 cm³. Os sintomas são dificuldade de urinar ou a necessidade de urinar várias vezes durante o dia e a noite – e a ocorrência, ou não, do aumento da próstata pode ser auferida com um simples exame ambulatorial – o toque retal – ou pela medição da dosagem de PSA na corrente sanguínea.
Se esses resultados forem anormais, é realizada ultrassonografia e biópsia para aferir se existe uma neoplasia e se ela é benigna ou maligna. O jornalista Alexsandro Ribeiro obteve dados do Sistema Único de Saúde (SUS) que atestam a demanda por esses procedimentos: somente neste ano, no Paraná, já foram realizadas pelo SUS 11,4 mil ultrassonografias de próstata – no Brasil, o número salta para 349 mil procedimentos voltados ao diagnóstico.
O tratamento quando o câncer de próstata está restrito ao órgão – uma glândula na parte baixa do abdômen, bem pequena, abaixo da bexiga – envolve radioterapia e, em alguns casos, a cirurgia para retirada. De janeiro a agosto deste ano, o SUS já realizou 221 prostatectomias e 445 prostatovesiculectomias, perfazendo 666 procedimentos cirúrgicos de enfrentamento da doença. Nos casos mais avançados, a terapia hormonal é acrescentada ao tratamento. Recomenda-se que homens, a partir dos 45 anos, realizem anualmente os exames preventivos.
Disparidade regional
É só no Paraná, dos Estados das regiões Sul e Sudeste, que o câncer de próstata mata mais que o de mama. Isso nos coloca ao lado das regiões Centro-Oeste (11,5 mil óbitos), Norte (7,1 mil óbitos) e Nordeste (42 mil óbitos), nos quais esse tipo de câncer vitima mais homens que a neoplasia maligna de mama – 10 mil, 5,4 mil e 33,8 mil mortes respectivamente.