“A campanha [da previdência] é considerada vaga”. Essa foi uma das impressões gerais apontadas na pesquisa realizada pela Secretaria de Comunicação (Secom) do governo federal em março passado. O objetivo do levantamento era “analisar as principais percepções relacionadas a campanha da Reforma da Previdência”. As informações foram enviadas pelo governo ao Livre.jor via LAI.

Lançada em dezembro passado, até 16 de maio deste ano a campanha já tinha custado aos cofres públicos R$ 37,9 milhões, entre produção de materiais e veiculação. Mais de R$ 11 milhões foram com recursos retirados dos Ministérios do Esporte e do Turismo. Vídeos de 30 e 60 segundos na rede aberta e fechada de TV, spots nas rádios em todo o país, inserções em revistas e jornais impressos e publicidade nas redes sociais estão entre as estratégias utilizadas na campanha. Conforme já divulgado aqui pelo Livre.jor, em dezembro, em quatro semanas, o gasto da campanha tinha sido de R$ 13 milhões, e em março o custo já tinha chegado a R$ 26 milhões.

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Após quatro meses do início das veiculações, na pesquisa sobre o resultado da publicidade, o retorno com as impressões dos cidadãos não são nada animadores. De acordo com o resultado do levantamento, realizado pela Mood Pesquisas, as informações veiculadas pela campanha são consideradas “genéricas demais, imprecisas, superficiais e para alguns até mesmo mentirosas”.

Promovida entre os dias 7 e 13 de março, a pesquisa foi desenvolvida no método qualitativo em formato de discussões em grupos. Foram feitos análises em São Paulo, Porto Alegre e Recife, sendo quatro grupos em cada capital, agrupados por faixa etária: 18-24 anos, 25-45 anos, 46-55 anos e mais de 55 anos.

Nas impressões gerais dos entrevistados, segundo resultado da pesquisa, a campanha desconsidera a distorção histórica entre a aposentadoria do cidadão comum e do funcionalismo público, militares e políticos. Outro ponto negativo é a insustentabilidade na atribuição do déficit da previdência quase exclusivamente ao aumento do número de aposentados.

A pesquisa aponta ainda que a campanha, que “não transmite credibilidade”, mostra a importância de uma reforma previdenciária, mas não dá conta de informar “como” isso se dará, o que “gera medo e desconforto”. Com isso, para os entrevistados, a campanha se demonstra “intimidadora, ameaçadora, com o intuito de responsabilizar o contribuinte pelo rombo da previdência”.

Nas conclusões da pesquisa, segundo avaliação da equipe da Mood, o tom de medo utilizado como forma principal de abordagem da campanha “gerou insegurança e indignação”. Com isso, as recomendações à época eram de que a campanha tivesse um tom que convoque sem amedrontar, sendo uma das estratégias dividir “a responsabilidade do “rombo” com o contribuinte, assumindo para si algumas atitudes, demonstrando que não está simplesmente “jogando” a responsabilidade para cima das pessoas”.

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