Relatório do MPF-PR contradiz Alvaro Dias sobre preservação da Estrada do Colono

Empenhado em reabrir a Estrada do Colono, um trecho de 17,5 km que corta a ponta do Parque Nacional do Iguaçu, ligando Capanema à Serranópolis, no Oeste do Paraná, o senador Alvaro Dias (Podemos) reuniu assinaturas para desarquivar, no Congresso Nacional, um projeto de lei que libera o tráfego de veículos atravessando a reserva ambiental. A via está fechada desde 2001, alvo de uma batalha judicial que durou anos.

Trata-se do PLC 61/2013, que cria dentro do Sistema Nacional de Unidades de Conservação a figura da “Estrada-parque” e, de lambuja, já institui a primeira unidade do tipo, que seria a Estrada do Colono, no Paraná. Seria controlada a passagem de carros de passeio, de caminhonetes, de turistas (até três eixos) e do Exército, sendo vedados outros veículos de carga.

O problema é que do jeito que o senador Alvaro Dias argumenta, dá a entender que nesses quase 20 anos do fechamento da Estrada do Colono continuou a ser usada de forma predatória, pondo em risco a área de preservação ambiental. “Seria uma estrada preservacionista e não depredadora”, diz, reavivando o tema às vésperas das eleições municipais – um ciclo bastante conhecido na política da região.

Só que as moscas do Livre.jor tiveram acesso a uma documento do Ministério Público Federal (MPF-PR) com fotos atualizadas da área, que mostra que a natureza, enquanto a estrada esteve fechada, tratou de reocupar o espaço antes cortado por veículos. Datado do dia 30 de agosto, e assinado pelo técnico de segurança institucional do MPF, Jean Matheus Tessari Wagner, é difícil constatar nas fotografias aéreas onde era a antiga Estrada do Colono. Clique aqui para fazer o download na íntegra.

“Na dita ‘estrada do colono”, a cena é de total recuperação da mata. O comandante da aeronave teve dificuldades em seguir o leito da antiga estrada sendo necessário o conhecimento técnico do sr. Ivan Batiston, chefe do ICMbio que acompanhava o voo. O que resta da antiga estrada é apenas uma “cicatriz” em meio a mata, um discreto “risco” que é observado em alguns pontos onde a mata regenerada no antigo leito da estrada ainda é mais baixa que o restante da floresta. O tempo fez muito bem aos ‘habitantes’ daquela mata”, diz o relatório endereçado à procuradora Daniela Caselani Sitta, do MPF-PR em Foz do Iguaçu.

O documento desse #livreleaks faz outros comentários dignos de consideração, sobre a mineração na enconsta de um rio, dentro da área de preservação ambiental… Mas isso fica para o Projeto Latentes analisar em breve.

 

Sair da versão mobile