UFPR ganha categoria universitária do Prêmio Mosca 2022


>> Vencedores do Troféu Rastilho e da categoria principal serão  divulgados no dia 14 de novembro.

A reportagem “Quem tem voz nos partidos do PR são os homens, só há mulheres em 11% dos cargos de liderança“, da estudante de jornalismo Mayala Fernandes, da UFPR (Universidade Federal do Paraná), é a vencedora da categoria universitária do Prêmio Livre.jor de Jornalismo-Mosca 2022. É a primeira vez que a UFPR fica entre as vencedoras. Neste ano, foram 13 inscrições de estudantes de jornalismo, das quais a Livre.jor selecionou 5 finalistas.

“A reportagem é uma ótima síntese do que consideramos jornalismo-mosca bem executado: busca dados oficiais sobre uma questão de interesse público, transforma a apuração em uma evidência de um problema social (no caso a baixa representatividade das mulheres no comando do partido político) e apresenta esse ‘achado’ de forma objetiva e petulante. Que não basta falar, tem que provocar, tem que dar uma canelada, senão é outra coisa, deixa de ser jornalismo-mosca”, justifica o júri, formado pelos membros da Livre.jor – à exceção de João Frey, que neste período trabalhava no Plural.

“Foi um trabalho intenso de análise dos dados e uma pauta que surgiu desses resultados. A reportagem, sem dúvida, ajudou a promover a transparência e o direto de acesso às informações de um assunto que é, definitivamente, de interesse público”, disse Mayala Fernandes, ao defender sua inscrição. “Primeiro, foi elaborado um banco de dados próprio, a partir do Tribunal Superior Eleitoral, acerca do número total de mulheres na composição das executivas partidárias do estado do Paraná. Os dados foram retirados manualmente. Separei todos os registros e analisei quais estavam com a situação ativa. A coleta demonstrou que dos 77 dirigentes que ocupam os principais cargos dos partidos, apenas 9 são mulheres”.

Considerando que a campanha de arrecadação no Catarse superou o limiar dos R$ 2,5 mil, a vencedora da categoria universitária vai participar do bolo! Pelas regras, Mayala Fernandes ganhará R$ 122 em dinheiro – equivalente a 5% do total, descontadas as taxas do crowdfunding. Parabéns! A equipe da Livre.jor vai entrar em contato nos próximos dias para combinar a entrega.

PUC-PR sobe no pódio
As outras duas posições do pódio de 2022 vão para a PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná). Ficou em segundo lugar a reportagem “Herdeiros de famílias políticas representam 33,3% dos assentos entre deputados federais e estaduais, de Maria Luísa Cordeiro e Tayná Luyse. “A gente acompanha há muito tempo o trabalho do Núcleo de Estudos Paranaenses, da UFPR, cujo foco é convencer a sociedade que a genealogia dos políticos é um fator importante para compreender a sociedade. Trazer esse tema, de forma assertiva, valeu o segundo lugar. O esforço de visualização também contou”, registrou o júri.

Já a reportagem “Políticos paranaenses que foram contra aumento do Fundão já receberam R$ 10 milhões“, de Letícia Fortes, cumpriu direitinho o protocolo. “Levantou os dados, achou um enfoque petulante e não desistiu de levar ele adiante, apesar da crítica pública a políticos influentes da cena paranaense. Sopesando o ineditismo dos três premiados, a reportagem, entretanto, ficou atrás das demais. O Fundão era o tema da época na discussão política”, defendeu o júri, presidido pelo jornalista José Lázaro Jr., com a revisão de Alexsandro Ribeiro e Rafael Moro Martins.

Não foi bairrismo, são as regras
Dos cinco finalistas, os dois inscritos com mais cara de produto profissional não ganharam nada. O Podcast Autópsia, de Matheus Machado, Aldrey Dorneles, Frederico Tarasuk e William Cardoso, para a UniRitter, do Rio Grande do Sul, com certeza foi o trabalho mais bem finalizado. Das notícias escritas, Jullia Gouveia, da UFSC, sobre denúncias relacionadas à revisão do Plano Diretor de Florianópolis, foi quem se saiu melhor, enfrentando inclusive as dificuldades do tamanho longo.

O problema é que ambas não estão embasadas em Lei de Acesso à Informação, ou no cruzamento de dados oficiais à deriva no oceano da transparência ativa, tampouco na construção de um levantamento próprio de evidências documentais. O podcast e a reportagem partem de inquéritos já montados e depoimentos para estruturarem a informação. Obviamente, isso é jornalismo, e nunca vai ficar obsoleto, nem desaparecer – mas não é essencialmente jornalismo-mosca. Contudo, eram mais que suficientemente bons para serem divulgados – então vão lá, cliquem nos links e se informem.

Histórico da categoria
Quando foi criado, em 2019, o Prêmio de Jornalismo-Mosca recebeu 13 inscrições na categoria Universitários. Em 2020, o número de competidores subiu para 22, mas caiu para apenas 3 em 2021, mostrando como a pandemia deve ter afetado a produção laboratorial nos cursos superiores de Comunicação Social. Agora, com a normalização das atividades mais bem encaminhada, as inscrições subiram firmemente, voltando a 13.

O destaque deste ano é a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), que foi, sozinha, responsável por dois terços das inscrições, com dez trabalhos concorrendo. Este fato mostra a consolidação do jornalismo de dados como uma disciplina dentro da PUC-PR, que já participou do Prêmio de Jornalismo-Mosca em anos anteriores e arrebatou uma menção honrosa em 2021.

Conheça os vencedores das edições anteriores clicando aqui.

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