Zika começou a ser pesquisada no mundo em 1950. No Brasil, desde 2015

Enquanto cientistas de outros países do mundo já debatiam aspectos do zika vírus (ZKV, na sigla técnica) desde a década de 1950, a doença só entrou pra valer “no radar” da produção científica brasileira em 2015. É o que uma pesquisa simples no portal Scielo Brasil (Scientific Eletronic Library Online) mostra – e uma olhadela no Google Scholar confirma.

Das referências pioneiras, há um artigo sobre o uso de geoprocessamento para mapear a incidência do mosquito Aedes aegypti numa cidade mineira, publicado pela Universidade Estadual de Londrina, em 2013, e outras duas citações em trabalhos de instituições paulistas, um ano depois (aqui e aqui).

Contudo, é só em 2015 que aparecem as primeiras publicações inteiramente dedicadas ao zika nesses repositórios de artigos científicos. É o caso de “Febre pelo vírus zika“, “Primeiro registro de transmissão autóctone de zika vírus no Brasil” e “Zika vírus no Brasil e o risco de uma infestação de mosquitos Aedes“.

Neste ano, a Arquivos Brasileiros de Oftalmologia publicou um artigo chamado “Achados oftalmológicos em lactentes com microcefalia e infecção presumida pelo vírus Zika“. “Investigamos dez lactentes com diagnóstico clínico presumido de microcefalia relacionada à ZIKV, que apresentavam anormalidades oculares, nascidos entre maio e dezembro de 2015”, diz a introdução da pesquisa, que envolveu 10 cientistas.  Foram detectadas “importantes anormalidades maculares e do nervo óptico”, dizem eles na conclusão, com a ressalva da necessidade de mais estudos.

Há dois meses, em dezembro de 2015, o portal Periódicos Capes publicou notícia institucional defendendo que “a produção científica é fundamental para o combate ao vírus“. Neste momento, para cada referência ao zika no Scielo Brasil, existem 100 citações ao vírus da dengue – 7 ante 703.

Esse panorama ajuda a explicar as informações desencontradas sobre o aumento de casos de ZKV no Brasil, cujas suposições vão de associação à microcefalia, suspeita de mutação no vírus a danos talvez provocados por larvicidas. Hoje a plataforma Scielo Brasil reúne 280 publicações científicas, sendo 93 na área da saúde.

OMS centraliza dados
Depois de lançar alerta mundial sobre o zika, em fevereiro deste ano, a Organização Mundial da Saúde passou a emitir boletins frequentes sobre o panorama da doença no planeta – acesse aqui o site. O último relatório é do dia 12 de fevereiro e confirma que 39 países registraram pessoas doentes desde 2007.

Brasil, Polinésia Francesa, El Salvador, Venezuela, Colômbia e Suriname manifestaram preocupação com aumento de casos de microcefalia e síndrome de Guillain-Barré (GBS). Em Porto Rico e Martinica o quadro de GBS e zika simultâneos também ocorre, só que sem incremento nos índices. A OMS descarta haver evidência científica ligando o vírus a ambas as doenças.

 

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