Segundo a Parceria das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o Brasil está na lista de 88 países que não têm dados disponíveis sobre violência contra a mulher. Na mesma relação estão os Estados Unidos, a China, Israel, Paquistão, Cuba, Bahamas e os Emirados Árabes, por exemplo.
O alerta, em tom de denúncia, consta no boletim informativo de novembro, distribuído internacionalmente por esta agência da da ONU (Organização das Nações Unidas) – conhecida no Brasil pelo acompanhamento dos Objetivos do Milênio, agora convertidos na campanha Agenda 2030. O texto é assinado pelo diretor-geral da Pnud, Selim Jahan.
“Nós ainda não sabemos muito sobre a violência contra a mulher no mundo, pois somente 107 dos 195 países tem informação disponível sobre esses tipos de agressões quando ela é feita pelo companheiro da vítima. O número cai para 56 quando se avaliam os dados sobre violência cometida por terceiros”, diz o oficial da Pnud, numa tradução livre. Confira aqui a reportagem original, em inglês.
Não há uma referência direta ao Brasil no alerta assinado por Selim Jahan, mas basta abrir a tabela com os dados internacionais para reparar na ausência de dados. Da América do Sul, somente Equador e Peru fornecem esse tipo de informação. No primeiro, 37,5% das mulheres acima dos 15 anos já foram agredidas pelo parceiro. No Peru, 33,2%. Nenhum dos dois têm dados sobre violência cometida por terceiros.
Nesse quesito, o Brasil também perde em transparência para países como Timor-Leste (58,8% das mulheres já sofreram violência do companheiro), Fiji (64,1%), Vietnam (34,4%), Dinamarca (32%) e Cingapura (6,1%). “Mesmo quando a informação está disponível, é notório que ela é subestimada. É difícil obter informação delicada quando as vítimas têm medo ou se sentem envergonhadas”, diz a Pnud.
Livre.jor registrou pedido de informação ao governo federal sobre a ausência de dados sobre violência contra mulheres apontada pela agência da ONU.