Das 2.035 explosões de bombas atômicas oficialmente registradas, conforme levantamento do Observatório de Pesquisa Geológica de Oklahoma, 3 foram “perto” de Curitiba. Quer dizer, a “apenas” 3,7 mil quilômetros da cidade, no Sul do Oceano Atlântico. A primeira detonação ocorreu no dia 27 de agosto de 1958, quando os EUA testaram em segredo os efeitos de uma bomba atômica nas camadas mais altas da atmosfera. Era o começo da Operação Argus.
O físico grego Nicholas Christofilos imaginava que a detonação poderia criar um campo de radiação artificial capaz de desorientar mísseis e satélites inimigos. Deu tão certo que o próprio pediu para a operação ser divulgada pelo governo americano. O New York Times deu a história em 1959 e, em 1982, foi retirado o sigilo dos documentos. As outras detonações ocorreram em 30 de agosto e 6 de setembro daquele ano.
Os americanos posicionaram o USS Northon Sound (AVM 1) no território ultramarino britânico de Santa Helena, Ascensão e Tristão da Cunha – cujas ilhas na época já eram parcamente habitadas. A Argus I foi disparada às 2h28 da madrugada e explodiu a 200 quilômetros de altitude (38.5° Sul, 11.5° Oeste). A Argus II, às 3h18, foi a 256 km (49.5° Sul, 8.2° Oeste). A III, lançada em setembro, foi à noite, 22h13, e atingiu impressionantes 539 km de altitude – talvez a explosão atômica mais alta já realizada (48.5° Sul, 9.7° Oeste). Esse porta-aviões, para chegar às ilhas, entre o Brasil e o continente africano, contornaram a América Latina, passou pelas costas chilena, argentina e uruguaia.
A história dessas detonações atômicas “pertinho” de Curitiba fazem parte da nossa série #acreditesequiser, especial para o 1º de abril – e está no melhor estilo #LivreLABeSolto, quando usamos os dados para “torcer”, ou “distorcer” um pouquinho, a realidade. Esse porta-aviões aí, o AVM 1, fazia parte dos nove integrantes da temível Task Force 88. As detonações da Argus utilizaram 1,7 kiloton de plutônio cada e foram lançadas de um foguete Genie, que pesava só 98 kilos e media 44 x 65,5 centímetros.
Atenção!
Todos os números apresentados nesta notícia foram obtidos a partir de bases de dados selecionadas pelo jornalista Jeremy Singer-Vine, da editoria de jornalismo de dados do BuzzFeed. Ele tem uma newsletter chamada Data is Plural, que é enviada todas as semanas, com os últimos achados dele em informações públicas. Recomendamos!