O vencedor do grand prix de desaprisionamento de dados em 2024 é o projeto DadosJusBr, da Transparência Brasil, por obter, compilar e disponibilizar de forma padronizada os contracheques de magistrados e promotores públicos de todo o país. A sistematização nacional dos dados revelou, por exemplo, em relatório recente, que os Tribunais Estaduais de Justiça, em 2023, pagaram ao menos R$ 4,5 bilhões acima do teto constitucional aos seus membros.
Desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e com o Instituto Federal de Alagoas (IFAL), além de estimular reportagens sobre a opacidade do Sistema de Justiça, o DadosJusBr tem subsidiado a incidência da Transparência Brasil sobre o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o que tem elevado a padronização da divulgação e revelado casos de desrespeito, nos estados, às regras de transparência estabelecidas pelo próprio CNJ.
Com a vitória no Troféu Rastilho 2024, a Transparência Brasil passa a figurar ao lado da tetracampeã Fiquem Sabendo e do MediaLab UFRJ no panteão de vencedores do grand prix brasileiro de desaprisionamento de dados. A premiação foi criada pela Agência Livre.jor em 2020 para reconhecer e incentivar projetos de desaprisionamento de dados liderados pela sociedade civil, cada vez mais imprescindíveis para a realização de um jornalismo-mosca, associando coragem, qualidade e repercussão.
O caminho da Transparência Brasil para o título não foi fácil, pois houve recorde de concorrentes neste ano, com os projetos Panorama do Aborto no Brasil (Instituto AzMina), Índice de Transparência das Secretarias de Segurança Pública (Ponte Jornalismo), Mapa Nacional da Violência de Gênero (Gênero e Número, Senado Federal e Instituto Avon) e Agenda Transparente (Fiquem Sabendo) despontando como finalistas, ao lado do DadosJusBr.
Não tem empate, nem menção honrosa, porque os projetos que disputaram o Troféu Rastilho em 2024, mas não venceram, poderão concorrer novamente no ano que vem, desde que permaneçam ativos. Então, a Comissão Julgadora, formada pelos jornalistas Alexsandro Ribeiro, João Frey, José Lázaro Jr. e Rafael Martins (as moscas fundadoras da Livre.jor), não vai rasgar elogios aos demais competidores, completamente merecidos e necessários, para não macular a inscrição deles, novamente, no ano que vem.
Na primeira semana de dezembro, a Livre.jor entrará em contato com a Transparência Brasil para entregar os certificados e troféu à equipe do DadosJusBr, além de fazer o pagamento do prêmio em dinheiro, correspondente a 25% do arrecadado pela agência para o certame deste ano. Nem pedimos desculpas pelo atraso na divulgação, né? Perdão. Não é fácil julgar pessoas incríveis, fazendo trabalhos maravilhosos. Até o ano que vem!