No dia 25 de novembro, como revelou reportagem do Observatório Justiça e Conservação, a multinacional francesa Engie divulgou um comunicado institucional profetizando que havia risco iminente de apagão no Paraná. A notícia, publicada em primeira mão no Plural, contextualiza o catastrofismo da Engie, cujo súbito interesse na segurança energética do estado coincide com a paralisação de um megaprojeto da empresa no estado. Vale a pena ler inteira:
> Multinacional profetiza iminente apagão energético no Paraná. Mas, por quê?
A Livre.jor colaborou com a apuração de dados utilizados na reportagem, mas faltava uma opinião formal do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a entidade que gerencia o mercado energético no Brasil. A ONS respondeu que “não vê risco de ‘apagão’ no estado do Paraná a julgar por toda malha de transmissão, o parque gerador atualmente instalado e os empreendimentos em construção”.
A frase anterior basta para afastar a profecia a Engie, mas o ONS aproveitou para atualizar dados sobre o Paraná. Por exemplo, que hoje o estado possui geração predominantemente hidráulica, representando cerca de 78% da geração instalada. A geração térmica representa cerca de 14% da geração do estado, destacando-se a UTE Araucária, na região metropolitana de Curitiba, e as usinas térmicas a biomassa nas regiões norte e noroeste do estado”.
A ONS também diz que “o Paraná é exportador de energia para os demais estados da região Sul e para as demais regiões do SIN”. Logo, não há risco de desabastecimento de energia, sobrando eventuais gargalos de infraestrutura para serem considerados. Há um debate sobre isto na reportagem do OJC. Se você ignorou o convite para ler a reportagem no Plural, agora era uma boa hora para fazer isto.
“A rede de transmissão possui linhas que operam com nível de tensão que variam de 69 kV até 525 kV. No sistema de 525 kV estão as principais conexões do subsistema Sul com o subsistema Sudeste, que se conectam ao estado de São Paulo. Ainda pela rede de 525 kV, as usinas hidrelétricas do Rio Iguaçu (Salto Caxias, Salto Santiago, Segredo e Areia), bem como a UHE Binacional Itaipu, conectam-se à região metropolitana de Curitiba e aos demais estados da região Sul. As redes de 230 kV e 138 kV permeiam todas as regiões do estado, estabelecendo conexões com os estados de Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul e a de 69 kV atende, principalmente, a região metropolitana de Curitiba”.
Por último, o ONS informa que “está prevista a integração de 235 MW de geração, perfazendo, no ano de 2023, um total de 10.365 MW instalados para uma carga prevista de 6.862 MW médios”.