Passaram dois anos desde que expusemos os planos da elite política paranaense para as eleições majoritárias de 2026. Lá atrás, parecia distante a hipótese de Ratinho Júnior ser o candidato do PSD à Presidência da República, mas os sinais têm se multiplicado. O dirigente nacional da sigla, Gilberto Kassab, já fala abertamente sobre isso, ainda mais com a fritura que Tarcísio Freitas sofre em São Paulo. A Polícia Militar de SP está com fama pior que a do RJ.

Ratinho Júnior entrou em campo, mas está jogando recuado, esperando uma oportunidade para despontar como candidato da centro-direita brasileira. Antes da denúncia do Plano Punhal Verde Amarelo, esforçava-se para conquistar as graças de Jair Bolsonaro. Agora que o ex-presidente está enroscado até o quepe com uma tentativa de Golpe de Estado, Ratinho Júnior busca opções retóricas para se posicionar na corrida ao Palácio do Planalto.

Quem não é visto, não é lembrado, certo? Mesmo sendo filho de um dos maiores comunicadores populares do Brasil, o herdeiro de Carlos Massa é Júnior. Ratinho de verdade é seu pai. Não importa quanto eles multipliquem sua rede de rádios pelo interior do país, o governador do Paraná ainda não é uma figura nacional. Parece alheio à Reforma Tributária, não é ouvido para comentar o Pacote Fiscal de Haddad, sua opinião sobre a sucessão na Câmara e Senado nunca repercutiu.

Só que está em campo. A bola passa pelos pés dele de vez em quando, dá para arriscar um lance, demonstrar os fundamentos do jogo. Ninguém espera muito mais que isso de Ratinho Júnior, que não é um craque da política, apenas que corra atrás da bola se, e quando, Kassab o colocar diante do gol. Não dá para dizer a mesma coisa de Alexandre Curi, tido pelos políticos paranaenses como um discípulo digno de seu avô, Aníbal Khury.

Todo mundo nos andares de cima sabe que Alexandre Curi quer ser governador. Por isso elegeu-se presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, numa rara aparição diante dos holofotes, depois de décadas articulando longe da vista. Jogou pesado nas eleições municipais, especialmente no segundo turno em Curitiba, quando Eduardo Pimentel suou para vencer a incógnita Cristina Graeml.

Faltando dois anos para a eleição de 2026, era de se esperar que subisse nos degraus dessas vitórias, para que os paranaenses finalmente vejam seu rosto. Até Ratinho Júnior entendeu que não dá para ganhar do banco de reservas. Na transmissão de cargo de Greca para Eduardo, Curi apareceu dando o braço ao avô dele, Paulo Pimentel – a simbologia é forte, mas basta? Organizar uma rede de apoiadores locais, sem o amparo da comunicação de massa será suficiente? Eduardo tinha tudo e quase perdeu.

Curi deve ter seus motivos para ficar na penumbra. De fato, seus movimentos revelam uma fé inquebrantável nas redes de sustentação da política tradicional. Bobo ele não é. Deve ter calculado o risco de deixar o senador Sérgio Moro despontar sozinho em pesquisas de intenção voto para 2026, do potencial sucesso internético de Rafael Greca em qualquer secretaria do governo Ratinho Júnior, dos eletro dólares virarem investimentos nas mãos de Ênio Verri, da azeitada rede olavista sediada em Londrina impulsionar outro outsider tipo Graeml.

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