A média salarial das mulheres no poder público do Paraná é 20% inferior que a dos homens. Mesmo sendo maioria (57%), elas recebem cerca de R$ 1.664,75 a menos que seus colegas de trabalho. O salário médio das mulheres é de R$ 6.731,94, enquanto o dos homens é de R$ 8.396,69.
Os números aparecem nos anexos do anteprojeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2024, elaborado pela Diretoria de Orçamento Estadual da secretaria de Fazenda do governo do Paraná. Uma busca nos histórico desse tipo de documento mostra que faz cinco anos que essa disparidade de gênero é conhecida da administração pública estadual.
Mais da metade das 72.885 mulheres no serviço público do Paraná são professoras 52%, sendo que na Secretaria de Educação elas são maioria absoluta, correspondendo a 76% dos docentes. A situação se inverte na segurança pública, onde as mulheres são apenas 13% da Polícia Militar e 21% da Polícia Civil, Científica e agentes penitenciários.
Quantitativos | Masculino | Feminino | Total |
Professores | 11.856 | 38.272 | 50.128 |
Segurança Pública – Civis* | 5.693 | 1.585 | 7.278 |
Militares | 17.389 | 2.735 | 20.124 |
Demais carreiras | 20.196 | 30.293 | 50.489 |
Total | 55.134 | 72.885 | 128.019 |
(*) Policiais Civis e Agentes Penitenciários.
Machismo estrutural
Parte da disparidade salarial entre mulheres e homens, indicam os dados, reside na composição etária das duas forças de trabalho. Segundo tabela divulgada pelo governo, os homens ingressam no serviço público antes, com cerca de 30 anos de idade, enquanto elas entram com 34.
Só que além de entrar com quatro anos de antecedência, aparentemente os homens também galgam postos mais bem remunerados antes que as mulheres, pois seu salário médio é maior apesar do tempo de serviço ser praticamente igual ao delas, com cinco meses de diferença – 15,6 ante 15,1 anos.
O documento não problematiza essas condições, que estão na base das críticas ao machismo estrutural do mercado de trabalho. Também não há informação sobre a distribuição dos postos de chefia por gênero, e essa é uma hipótese provável para explicar a disparidade salarial entre os gêneros.
A outra é que carreiras hoje predominantemente masculinas pagam melhor que as profissões majoritariamente ocupadas pelas mulheres, refletindo o lado perverso da divisão sexual do trabalho. Por fim, o relatório não traz as mesmas informações segregadas por raça ou opção sexual.
Essas omissões são até compreensíveis, por se tratar de números para cálculo atuarial da previdência pública, e não para políticas de redução das desigualdades dentro do serviço público. Contudo, é de se presumir que, se o enfrentamento disso fosse relevante para o governo do Paraná, ao menos uma nota de rodapé tratando do assunto constaria nessas páginas.
Disparidade persistente
A divulgação desses números sobre diferença salarial por gênero passou a constar nos anexos da LDO no ano de 2019. De lá para cá, a disparidade caiu míseros 0,0271%. Em 2019, a remuneração média das mulheres era de R$ 5.616,02 e dos homens era de R$ 7.249,35 – uma diferença de R$ 1.633,33.
Ou seja, nos últimos cinco anos, se houve política pública de combate à disparidade salarial de gênero no poder público do Paraná, ela resultou em ganhos de apenas R$ 31,42 por mês para as trabalhadoras mulheres do Estado.
Médias | Masculino | Feminino | Total |
Remuneração (R$) | 8.396,69 | 6.731,94 | 7.448,90 |
Idade de ingresso | 30,1 | 34,5 | 32,6 |
Tempo de Estado | 15,6 | 15,1 | 15,3 |
Idade atual | 45,7 | 49,6 | 47,9 |