Segundo o painel da Universidade John Hopkins sobre o impacto do novo coronavírus no mundo, 464.398 pessoas já foram declaradas pelas autoridades oficiais de seus países como “recuperadas” [link aqui]. Isto significa que elas foram diagnosticadas com o vírus Sars-CoV-2, acompanhadas por profissionais da Saúde e consideradas curadas da Covid-19 – logo estariam imunizadas para a nova doença que afeta todo o planeta. Isto significa 0,005% da população mundial.
A meta para atingirmos a “imunidade de rebanho” é de 60%-80%, quando a presença dos imunizados na sociedade agiria como barreira para a ocorrência de novos surtos. Sem surtos, em tese os sistemas de saúde nacionais seriam capazes de dar o suporte adequado aos casos mais graves.
Obviamente esses números são meramente ilustrativos do desafio adiante, visto que para ter um cenário claro da imunização de rebanho seria necessário testar toda a população de uma comunidade, do país e, no cenário ideal, do mundo. Há experiências neste sentido, como a realizada na pequena cidade italiana de Vò [link aqui], onde a Universidade de Pádua e a Cruz Vermelha verificaram o contágio em todos os 3 mil moradores deste vilarejo próximo de Veneza.
Fora do vilarejo italiano, há muitas dúvidas sobre quantos casos ativos, mortes e curas estão subnotificadas, impossibilitando uma visão nítida da realidade. Por exemplo, nota técnica do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde da PUC do Rio de Janeiro estima que no Brasil pode haver 12 vezes mais casos que os conhecidos [link aqui].
Por exemplo, aplicando o mesmo raciocínio ao Brasil, que segundo o painel da John Hopkins tem 2.979 recuperados, o país teria somente 0,001% da sua população imunizados. O número provavelmente é maior, visto que somente os casos graves são testados no país.
Para enfrentar esta carência de dados, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas, apoiado com R$ 1 milhão pelo Instituto Serrapilheira de pesquisa e divulgação científica, planeja avaliar a prevalência do novo coronavírus na população gaúcha. Com isto, será possível visualizar a quantas anda realmente a imunização naquele estado [link aqui].
Para saber mais sobre o assunto, recomendamos um episódio do podcast “Luz No Fim da Quarentena”, no qual o jornalista José Roberto de Toledo conversa sobre isto com o cientista Fernando Reinach, da USP: