De janeiro de 2011 a dezembro de 2018, a gestão Beto Richa (PSDB) gastou R$ 804 milhões em propaganda oficial do governo do Paraná. São dados oficiais, coletados nos diários oficiais, Portal da Transparência e via pedidos de acesso à informação pela agência de jornalismo Livre.jor. Por exemplo, se esses valores tivessem ido para a ONG Teto, que constrói “casas de emergência” para a população pobre, 100 mil moradias teriam sido construídas.

Equivale a dizer que cada um dos 11,3 milhões de habitantes do Paraná gastou R$ 70 com a divulgação do grupo político que, nos últimos oito anos, governou o Estado. Com a diferença que não houve consulta direta sobre em que o cidadão prefereria por o seu dinheiro: em propaganda ou em moradia para os mais necessitados, para usar o mesmo exemplo. Quando um incêndio desalojou 98 famílias da Ocupação 29 de Março, em Curitiba, a solução emergencial para a moradia de quem perdeu tudo no desastre veio da ONG Teto – não da propaganda.

Ainda que parte dos recursos tenha sido utilizado em campanhas de vacinação, de segurança no trânsito ou de combate à exploração sexual, a forma como esse dinheiro é gasto segue sendo uma caixa-preta na administração pública. No ano passado, quando mesmo com as restrições à divulgação oficial, por ser ano de eleição, foram gastos R$ 105 milhões com propaganda, a rubrica “assessoramento de redes sociais” recebeu R$ 2,6 milhões. “Internet”, R$ 7,5 milhões. “Pesquisas”, R$ 465 mil.

As campanhas publicitárias na televisão custaram R$ 35,4 milhões ao erário. No rádio, R$ 18,6 milhões e os jornais ficaram com R$ 10,5 milhões dos recursos públicos direcionados à propaganda no último ano da gestão Beto Richa. Neste ano, ele dividiu o governo com Cida Borghetti (PP), que assumiu a administração em abril, quando ele desincompatibilizou para concorrer, sem sucesso, ao Senado. No mandato anterior, o vice era Flávio Arns – então no PSDB, mas que se mudou para a Rede e se elegeu senador.

Desde que foi criado, em 2014, Livre.jor divulga sistematicamente os gastos públicos com propaganda no Paraná. É graças a esta cobertura que se sabe que o ano de 2017 detém o recorde de gastos com propaganda no Paraná – quando Richa dispendeu R$ 164 milhões com a divulgação do seu mandato. Ou que o relatório oficial de 2015 foi publicado com 44 erros formais, depois corrigidos pela administração. Ou que, num exemplo de desrespeito à transparência pública, em 2016 o governo se recusou a fornecer acesso a pesquisas de opinião pagas com dinheiro público – mas depois foi forçado a divulgar os dados, antes tachados de “desnecessários” pela gestão.

Publicidade legal
Durante os oito anos de gestão Richa, além dos R$ 804 milhões com propaganda oficial, também foram gastos R$ 102 milhões com publicidade legal, que são informações de divulgação obrigatória (contratos, balanços, portarias, editais etc.). Isto significa dizer que para cada R$ 1 necessário à transparência, R$ 8 foram usados na divulgação do mandato.

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