Dos 1.764 perfis em redes sociais listados em um documento que circula em grupos de direita e de extrema-direita, constam 96 paranaenses, que por curtirem páginas com conteúdo antifascista no Facebook tiveram seus dados expostos. A situação já foi levada a organizações de defesa dos direitos humanos, pela gravidade do ocorrido, pois o “dossiê” separa fotos pessoais, links para perfis em outras redes, como Twitter, Instagram e LinkedIn. Alguns também tiveram telefone, locais de estudo e de trabalho identificados.
Paranaenses de 20 cidades foram expostos Na sua maioria são pessoas identificadas como vivendo em Curitiba, mas há também municípios do Litoral, do Norte Pioneiro e do Oeste na relação. A lista, em PDF, tem 999 páginas e ficou conhecida ao ser compartilhada por whatsapp. A circulação ocorre na véspera de um chamamento para atos antifascistas, em todo o Brasil, neste final de semana [link aqui].
Por razão de segurança das pessoas atingidas pelo levantamento, cujos autores ainda não foram identificados, a Livre.jor não divulgará o documento, nem partes dele. O vazamento dos dados parece ter se aproveitado destes usuários deixarem parte de seus dados sem filtros de segurança no Facebook. Na relação há pessoas de perfil social variado, mas as principais vítimas são jovens que se identificam como antirracistas, contra a homofobia e a favor da democracia.
Expor dados deste jeito é conhecido por “doxxing” ou “doxing”, em geral usando dados públicos de pessoas e empresas que se queira atingir. Em alguns casos, envolve invasão de celulares e de computadores com malwares- que é crime pela lei federal 12.737/2012, com pena agravada “se houver a divulgação, comercialização ou transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou informações”.
Ainda com pouca cobertura na imprensa, há mais dados sobre essa medida intimidatória de grupos anti-democráticos no Twitter. Lá, a hashtag #alistanazista agrupa parte deste conteúdo, com várias suposições sobre o envolvimento de políticos e de dinheiro público na elaboração do documento. Contudo, nada disto foi confirmado por eles, tampouco checado por jornalistas profissionais. Recentemente, um deputado estadual de São Paulo disse ter elaborado um dossiê sobre supostos antifas [link aqui]. Seguimos acompanhando o caso.
Se você está preocupado, aqui existem alguns conselhos simples para evitar ser vítima de doxxing: (1) coloque seus perfis em redes sociais no modo privado; (2) use senhas fortes para proteger suas contas e habilite a autenticação de dois fatores nos seus e-mails e redes sociais; (3) no Facebook opte pelas alternativas que restringem a exibição da sua atividade para seus amigos apenas; (4) não habilite a sincronização dos seus contatos de e-mail e de telefone com seus amigos de rede social; (5) restrinja quem pode lhe identificar (tagging) em fotos e (6) tenha um controle do uso de seu nome na internet por meio de serviços como o Google Alertas.
Basta pesquisar um pouco para encontrar manuais mais completos para se precaver de doxxing na internet. Por exemplo, aqui, em inglês, um link para o do New York Times: “How to dox yourself on the internet” [link aqui] – com os materiais aqui.