Não é novidade para ninguém que Ratinho Júnior está na fila para ser o candidato da direita brasileira à presidência da República. Só a gente aqui na Livre.jor fala disso faz mais de ano, desde setembro de 2022, quando o grande plano do status quo para a política paranaense tomou forma.

Anotem aí: o Grande Plano é Ratinho Júnior se lançar à presidência da República, abrindo espaço para o deputado estadual Alexandre Curi concorrer ao Palácio Iguaçu. Nesse cenário, Rafael Greca poderia disputar uma das duas vagas ao Senado, como recompensa por não atrapalhar a subida de Eduardo Pimentel de vice para prefeito de Curitiba.

Todos estão no PSD, que é presidido por Gilberto Kassab.

Curi e Pimentel saem ganhando com o anúncio do Kassab

Então, quando Gilberto Kassab, o manda-chuva do Partido Social Democrático, disse, na última quarta-feira, 4 de outubro de 2023, durante um jantar da legenda, em Brasília, no contexto da comemoração dos 12 anos da sigla, que, se o PSD tiver candidato à presidência da República em 2026, ele será Ratinho Júnior, mais do que tudo, essa frase foi a benção do dirigente nacional ao rearranjo institucional que os políticos paranaenses tramaram.

Gilberto Kassab não fez isso para agradar Ratinho Júnior, fez para firmar uma aliança com duas famílias tradicionais da política paranaense. Os Curi e os Pimentel.

Alexandre Curi vai se jogar na maior aventura do clã em décadas, que é trocar a onipresença, onisciência e onipotência dada pela discrição do Poder Legislativo pela arena com leões que é o Executivo. O ex-governador Paulo Pimentel quer deixar de legado para seus netos posições no tabuleiro político. Ele fala disso abertamente. O futuro de Daniel não está às claras, mas Eduardo vem pavimentando seu caminho à Prefeitura de Curitiba desde quando era assessor do ex-governador Beto Richa.

Pros dois, o anúncio de Kassab, lançando Ratinho Júnior à presidência da República, foi fundamental. Pro próprio, e para Greca, tem feição de presente de grego. É uma dádiva que faz mais mal que bem, tipo o Cavalo de Tróia.

Esperar 2025 só faria bem para Ratinho Júnior

Ratinho Júnior tem condições de ser um candidato competitivo em 2026, mas precisa de tempo para se alicerçar em ações. Já desestatizou a Copel (“vejam o que eu posso fazer com a Petrobrás”, é o recado para a Faria Lima), vai bancar a continuidade das escolas cívico-militares (“ou bate continência, ou pega voucher”, são gatilhos nos conservadores), mas ainda é pouco. Não tem presença nacional, não é porta-voz de nada.

Aliás, quem frequenta o Palácio Iguaçu sabe que os assessores de Ratinho Júnior oscilam da euforia à depressão com esse papo de presidência da República. Temem que Lula seja doido de disputar a reeleição, que a economia nacional ressurja, que o bolsonarismo abrace algum doido, que o lavajatismo idem. Não faltam bichos-papão debaixo da cama. Tem guerra na Ucrânia e inflação nos EUA. Um tornado cortou Cascavel anteontem. Não dá para fazer análise de conjuntura séria nessa confusão.

As eleições municipais de 2024 é que vão servir de termômetro para o estado de espírito do povo brasileiro. Daí que faria muito mais sentido para Ratinho Júnior ter ficado miúdo, quietinho, na dele, até 2025, enquanto a imprensa nacional trata o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como nome do bolsonarismo à presidência da República.

Kassab é a segunda maior cabeça política do Brasil. Ele sabe o que é melhor para Ratinho Júnior, mas mesmo assim deu a ele esse presente de grego, que foi queimar a largada, colocando-o como candidato dois anos antes do ideal. Já dissemos antes, que Tarcísio é o preferido, o governador do Paraná é a cobaia. O palpite está se confirmando.

Plano B só prejudica ambições de Ratinho e Greca

A ideia por trás da jogada de Gilberto Kassab é bastante óbvia: aliviar a barra do governador de São Paulo, tentando desviar os canhões da imprensa um pouco para Ratinho Júnior. Se a ideia pegar, e a cobaia sobreviver ao teste de estresse, ponto para ela. Se ninguém levar a sério, paciência, pior para Ratinho Júnior.

Mas não muito pior, que Ratinho Júnior teria garantida uma vaga no Senado Federal se quisesse. O momento dele tentar o voo da presidência é agora, mas uma carreira tipo Alvaro Dias, renovando o mandato no Senado a cada oito anos, não é nada ruim, apesar de chata à beça. Basta levar a frustração pro analista e arranjar uns hobbys para preencher o tempo. E lidar com o mau humor de Rafael Greca, “rebaixado” a uma candidatura de deputado federal.

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