Oeste do PR quadruplicou leitos de UTI, mas isso não evitou o colapso do SUS

Dos 247 leitos de UTI exclusivos para covid-19 no Oeste do Paraná, 234 estavam lotados às 15h30 desta quarta-feira, dia 3 de março de 2021. Uma lotação de 95%, apurada pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e divulgada no boletim epidemiológico mais recente. Com os casos em alta e fila para internações no estado, a região Oeste é a que mais preocupa hoje no Paraná.

O problema é que nenhuma outra região do Paraná ampliou tão rapidamente a disponibilidade de UTIs desde o início da pandemia, mas mesmo assim o Oeste figurou hoje, em boa parte dos noticiários nacionais, como um dos símbolos do fracasso do Brasil no combate ao novo coronavírus.

Há menos de um ano, no dia 18 de abril de 2020, data em que a Sesa passou a divulgar os leitos disponíveis por região do Paraná, o Oeste tinha somente 62 leitos de UTI no SUS dedicados aos casos mais graves. De lá para cá, quadruplicou a oferta, chegando aos 247 divulgados hoje.

Como tragédia pouca é bobagem, é aguardada para esta quinta (4) a vinda do ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, ao Paraná. Ele visita Cascavel, cidade-pólo no Oeste, dirigida pelo ex-deputado estadual Leonaldo Paranhos – que nesta semana, num vídeo pelas redes sociais mostrou uma paciente sendo entubada na recepção de uma UPA.

Pazuello fará o quê? Será que recriminará o tratamento precoce, propalado pelo bolsonarismo como um instrumento para manter a vida cotidiana apesar da pandemia? Recomendará um lockdown de 14 dias, para reduzir o contágio e com isso diminuir a pressão sobre a rede hospitalar da região toda? Ao menos usará máscara nos atos públicos? A conferir.

Segundo dados apurados pelo consórcio de pesquisadores do portal Farol Covid, a taxa de transmissão do novo coronavírus no Paraná está acima de 1 (ou seja, não há perspectiva de queda nos casos) e, de cada 10 pessoas contaminadas no estado, 7 não são diagnosticadas. Mais: enquanto o Paraná registra nesta semana 41 casos por 100 mil habitantes, numa tendência de alta há quatro dias, a situação em Cascavel é de 57/100 mil habitantes – ou seja, 40% pior que a média estadual.

Se fazer a lição e aumentar os leitos não impede o colapso do SUS, o que resta é ficar em casa, reduzir o contato ao máximo e torcer para as equipes médicas aguentarem firmes e saudáveis até a situação estabilizar. Mas é duro depositar neles essa responsabilidade, no dia em que o Brasil bateu novamente o recorde de mortos, com 1.849 óbitos em 24 horas. Ainda mais que amanhã terão que encarar o Pazuello.

A seguir, a quantidade de leitos exclusivos covid-19 do SUS, no Paraná, desde abril de 2020: