Apenas 3,5% das rodovias estaduais do Paraná estão duplicadas e só 7% das rodovias municipais são pavimentadas, mas a política regional só sabe falar das concessões de pedágio. Óbvio que todo negócio bilionário merece atenção, mas sai ano, entra ano, o grosso do mapa rodoviário do Estado segue parado no tempo.
Todos os anos a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística publica os dados atualizados da malha rodoviária paranaense. A última versão, o Mapa Rodoviário 2020, apareceu na edição 10.950 do Diário Oficial do Estado, do dia 8 de junho deste ano. Os dados estão lá para quem quiser ver.
O problema da discussão pública sobre a infraestrutura rodoviária viver dessa fixação no pedágio é justamente que todas as outras questões ficam no escuro. Por exemplo, de 2018 a 2020, as rodovias estaduais duplicadas subiram de 343 km para 380 km – aumento de 10%. No geral, de 3% para 3,5%. Ou seja, ainda temos 10,1 mil km de pista simples contra 380 km duplicados.
Outro problema é que, apesar de serem classificadas como rodovias municipais, não dá para delegar exclusivamente às prefeituras a pavimentação dos 97,8 mil km de estradas rurais. As contas municipais já estão pressionadas pela folha de pagamento e má distribuição de recursos entre os entes federativos. Caberia ao governo do Paraná induzir avanços nessa área.
Só que isso nos leva à “surpresa”, em 2018, quando estourou o escândalo do programa Patrulha do Campo, sobre a manutenção das estradas rurais não pavimentadas, que levou o ex-governador Beto Richa a ser detido pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná (MP-PR).
A última notícia desse assunto é que, em 2020, com um acordo de leniência capitaneado pelo MP-PR, a construtora J. Malucelli, e dois de seus executivos, concordaram em pagar R$ 3,4 milhões ao Fundo de Direitos Difusos após serem denunciados ao Cade por formação de cartel na licitação do Patrulha do Campo.