A Secretaria de Estado da Educação (Seed) negou-se a dizer qual a média salarial dos professores do Paraná. Após a primeira polêmica sobre esse assunto, em fevereiro deste ano, quando blogueiros disseram que o valor poderia ser de R$ 8 mil, recorremos a dados do governo federal e achamos apenas 2% da categoria confirmando à Prova Brasil remuneração acima de R$ 5,4 mil.
Dias depois, a blogosfera se redimiu, alegando ter recebidos dados corrigidos do Palácio Iguaçu e “que a maioria absoluta fica abaixo dos R$ 4 mil”. Para pôr fim ao jogo de empurra-empurra, remetemos um pedido de informação ao Palácio Iguaçu, pedindo a média geral e a média por classe (I, II e III). Achamos que a resposta viria rápida e certeira, enterrando a questão.
O protocolo, de número 6.059/2015, é do dia 8 de fevereiro. A resposta chegou um mês depois e não esclarecia o levantado nas perguntas. Em parte, ela dá o caminho para o banco de dados dos servidores da Educação. Mas ao entrar no assunto da remuneração, remete aos decretos que atualizaram os salários em 2014. Informa, mas não esclarece (na íntegra, no final da postagem).
Para termos o dado básico que foi solicitado, teríamos que cruzar 11 referências com cinco níveis de carreira, considerando a influência do quantitativo específico de cada uma dessas 55 situações peculiares. É chato, mas não é desumano – já fizemos tabulações piores por aqui.
Mas daí complica muito: cada uma dessas 55 situações tem que ser analisada pela quantidade de padrões e posição dentro do plano de carreira. Se somar os “substitutos”, cujo pagamento varia mês a mês conforme as horas trabalhadas (de 1 a 60), passa a ser sadismo aconselhar que um cidadão, cuja pergunta via Lei de Acesso à Informação foi simples, faça o trabalho de um software de contabilidade.
Se quem respondeu tivesse nos passado uma planilha com a remuneração bruta dos 69.973 efetivos e dos 18.253 substitutos que trabalharam em um mês qualquer deste ano (os números acima são de abril, super frescos), somaríamos com as vantagens e dividiríamos pelo número total. Daria uma média, uai. Ou mais simples ainda: somar o total de gasto com folha de pagamento, dividido pelo total de servidores da Seed. E desse número desagregar só os professores, ou só os técnicos, ou só os pedagogos. No bruto, claro, e no líquido também – pois é quanto a pessoa embolsa de verdade.
Desculpem a não-notícia, mas é que a quem trouxe a polêmica de volta à tona foi o próprio governo do Paraná. Em reportagem de Euclides Garcia, da Gazeta do Povo, soubemos hoje que foi criado um “atalho” para a remuneração bruta dos professores em seu Portal da Transparência.
Nenhuma outra categoria recebeu esse tratamento, mas registrei pedido de informação indagando quando a listagem dos auditores fiscais, dos policiais militares, dos civis, dos docentes universitários, enfim, das demais categorias constará sob as mesmas especificações no Portal da Transparência (pedido 23550/2015).