Uma semana após encerrado o prazo para o envio de respostas sobre a moção de repúdio ao espetáculo teatral “Pornô Gospel” aos 21 vereadores que a subscreveram ou aprovaram, recebemos nesta sexta-feira (17) a primeira, de Cristiano Santos (PV).

“Seu e-mail estava [na caixa de] spam”, justificou o vereador,  sobre o atraso.

Santos admitiu não ter assistido à peça que repudiou, mas justifica sua decisão porque ela “gera um tom de provocação em torno a uma doutrina”. “Respeito todas as religiões, mas, independente da crença em Deus, acho desnecessário um título provocativo desses”, escreveu.

Por outro lado, Santos repudiou censurar espetáculos como “Pornô Gospel”, algo sugerido pela vereadora Carla Pimentel (PSC) – “A peça dissemina o ódio e não podemos permitir isso”, ela disse. “É absurdo. Não estamos mais em 64”, afirmou o parlamentar.

Curiosamente, Santos, um político, disse considerar que, se o espetáculo se chamasse “Pornô Político”, “não geraria revolta na sociedade”.

Seguimos sem merecer a atenção de Tiago Gevert (PSC, autor da proposta de moção de repúdio), Carla Pimentel (PSC), Tito Zeglin (PDT), Mestre Pop (PSC), Chico do Uberaba (PMN), Ailton Araújo (PSC), Mauro Ignácio (PSB), Geovane Fernandes (PTB), Tico Kuzma (Pros), Cacá Pereira (PSDC), Noemia Rocha (PMDB), Rogério Campos (PSC), Edson do Parolin (PSDB), Colpani (PSB), Jorge Bernardi (Rede), Zé Maria (SD), Sabino Picolo (DEM), Dona Lourdes (PSB), Chicarelli (PSDC) e Aldemir Manfron (PP).

Leia a íntegra das respostas de Cristiano Santos.

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Cristiano Santos – Desculpe a demora para responder, seu e-mail estava no spam. Seguem minhas respostas, mesmo fora do prazo.

Livre.jor – O senhor assistiu ao espetáculo para formar sua opinião a respeito?

Santos – Não assisti.

LJOR – De que forma a exibição de um espetáculo em tom de sátira cerceia ou ofende o direito de liberdade de fé?

Santos – A meu ver, não cerceia, mas gera um tom de provocação em torno de uma doutrina. Respeito todas as religiões, mas, independente da crença em Deus, acho desnecessário um título provocativo desses. Intolerância a religião gera tantos conflitos que não concordo com provocativas (sic) sobre o tema. Se era para ser satírico, que utilizassem o tema pornô político, que não geraria revolta na sociedade.

LJOR – O senhor é favorável à existência de uma entidade que avalie espetáculos e publicações antes de sua exibição ao público?

Santos – Primeiramente como jornalista, e secundariamente como político, acho que essa existência é absurda. Não estamos mais em 64.

LJOR – Atores que trabalham em “Pornô Gospel” registraram boletim de ocorrência após relatarem ameaças por conta do conteúdo da peça. O que a senhor tem a dizer a eles a respeito?

Santos – Acho que estão no seu direito. Infelizmente, vivemos um tempo de intolerância envolvendo religião, e por isso o que tange essa área é alvo de ameças. [O atentado à redação do jornal satírico francês] Charlie Hebdo é o mais claro exemplo.

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